Política de compadres

- Se eu dissesse a Sarney que ia contratar o seu neto, talvez ele ficasse contra, já que esse neto nem frequenta a casa dele. Resolvi contratá-lo porque estava devendo favores ao Fernando (filho de Sarney) que havia me ajudado na reconciliação com Sarney. Quis retribuir e ofereci o cargo - justificou.

A pérola aí encima é do senador maranhense Epitácio Cafeteira (PTB) ao explicar o porquê dele ter dado um carguinho de presente a um dos netinhos do ex-presidente e arqui-senador, José Sarney. Ele, pelo jeito, não vê nada demais em recorrer ao bolso público para pagar favores políticos privados.

Caixa-preta aberta

Há pouco tempo cravei uma reportagem (ainda inédita) a respeito dos (des)caminhos da Petrobras Biocombustível -- subsidiária fundada pela toda poderosa petrolífera verde-amarela para abiscoitar partes do mercado do álcool e do biodiesel.  Vai sair na BiodieselBR (www.biodieselbr.com).

Minha experiência pessoal com o departamento de imprensa da Rainha das Águas Profundas não foi bem das mais produtivas. Por duas semanas eu insisti, por duas semanas a simpática assessora me repetiu que ela estava procurando quem falasse comigo... em momento algum escondi que a fala dos produtores de biodíesel estravistados estava me levando para um viés mais crítico (não convém tomar partido, mas é preciso reconhecer que a Petrobrás
municiou os críticos ao vender o litro do biodíesel a insustentáveis R$
1,70) e que era do interesse deles ajudar a balancear minha reportagem. Não surtiu o menor efeito. Ninguém se dignou a abrir a boca para falar comigo. Tanto que cheguei a repetir a metáfora da "caixa preta" que a oposição tucona-democrata andava martelando a torto e direito para tentar viabilizar a CPI da Petrobras.

Pois não é que há coisa de uma semana a danadinha resolveu sair do armário e montar um blog: Blog da Petrobras – Fatos e Dados. Tem gente contra, tem gente a favor. Eu acho apenas que é um fato corriqueiro dessa vida high-tech. Só espero que a coisa dure além da CPI.

Simbolismo

Eis que estou trabalhando em uma reportagem sobre de programas de TV que tenham o universo da arquitetura e da decoração como espinha dorsal. Pensei: "Lar, Doce Lar" (quadro do famigerado Caldeirão do Huck que dá um casa projetada pelo impagável Marcelo Rosenbaum de presente para uns tipos tão ou mais  pé-rapados do que eu) e me desabalei para o site de imprensa da Rede Globo.

Embora o site não dê os contatos dos assessores da Vênus Platinada de mão beijada, há nele um formulariozinho de cadastro que prometia me abrir as portas do Projac virtual. É uma postura meio metida a besta, mas -- vá lá -- defensável se pensarmos no volume de pedidos que a assessoria da Globo deve receber diariamente. Fiz o meu cadastro e descobri que eles se reservam o direito te fazer esperar por intermináveis 72h por um par login/senha! Convenhamos que é um prazo meio longo para quem deveria saber que não se faz repórter ficar esperando...

Pois bem, eis a resposta que eles me dão:

Agradecemos o seu interesse, mas seu pedido não atendeu aos critérios de credenciamento do site de imprensa da TV Globo.
Em caso de dúvida, por favor, entre em contato com a Central Globo de Comunicação, através do email: cgcom-br@tvglobo.com.br.

Atenciosamente,
Central Globo de Comunicação

De agora em diante vou lembrar desse textozinho toda vez que flagrar um repórter que atenda ao padrão globo de qualidade enchendo a boca para falar de transparência e liberdade de imprensa.

Trabalhando a pé

Tem um tempinho que escrevi uma reportagem a respeito da relação -- nem sempre bem resolvida -- entre design de mobiliário e ambiente de trabalho. Sobre como ela afeta a saúde dos trabalhadores e a produtividade das empresas... É uma típica pauta enguiçada que vira e mexe dá as caras por aí com resultados variáveis (embora eu ache que não cabe eu ficar levantando bandeira
em causa própria nesse espaço fico devendo link para a minha).

Estou falando nisso porque, na apuração ,descobri que tem gente fazendo móveis que permitem passar uma parte do expediente trabalhando em pé -- vc regula a altura da mesa e pronto. Na teoria a idéia é boa. Mas, como todo bom conceito, pode degenerar em coisa ainda pior do que o que já existe...

(deu no Blue Bus)