31.8.16

O fim de agosto

Haverá amanhã.
Inevitavelmente,
inequivocamente,
haverá amanhã.

E, com ele, chegará o fim de agosto.

O sol vai nascer.
Inevitavelmente,
inequivocamente.
Se ele explodirá em luz
ou sitiado de nuvens?
É questão que o amanhã responderá a seu tempo.

O amanhã é um personagem caprichoso
que não leva em conta as opiniões alheias.

Cuidaremos de nossos filhos,
no amanhã que tivermos.
Cultivaremos nossos jardins,
no amanhã que tivermos.
Pintaremos nossas casas,
no amanhã que tivermos.

Pisaremos em espinhos,
seremos feridos,
engoliremos a seco
os corações partidos que teimam em pulsar
no peito aberto.
Quando for esse o amanhã que tivermos.

Enfrentaremos o amanhã
que o amanhã nos apresentar.
(Sobre)viveremos como quisermos e como pudermos.
Foi assim que (sobre)vivemos a tanto agosto.

Eu estarei lá,
no amanhã,
esperando por você,
por nossos amigos
e pelos muitos companheiros
que ainda nem conheço,
mas que, como nós, reconhecem no amanhã
o ponto para o qual as paralelas convergem
inevitavelmente,
inequivocamente.

Haverá amanhã.
E haverá ainda outros agostos.

Mas amanhã,
aconteça o que acontecer,
este agosto chega ao fim.