23.12.04

Roda

A roda roda sempre
e o começo não começa
e fica sem fim o final.

Que a natureza da roda
é definida pela continuidade
de um processo indistinto.

O norte corre sob meus olhos,
escorrega pela tangente
atirado fora do alcance.
Espedaça-se contra as paredes.

O movimento de roda
mecânica bruta
não espera que o ar
encha meus pulmões de fôlego
antes de força-lo para fora
num suspiro de assombro.

A vertigem é a única virtude válida.

A roda nunca pára
para mim
para você
para quem quer que canse e pare
e desça, em definitivo, desse carrossel.

Duvida?
Medo?
Besteiras!

Enfie um sorrizo de través no rosto.
Assobie uma cantiga de ciranda.

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Esse saiu um bocado de improviso. Tentei escrever um texto de fim de ano. Acho q não fui lá muito bem sucedido. Não importa, estou assobiando uma cantiga de ciranda... Feliz Natal. Bom 2005 (pq o ano não é novo nem velho).

Abraços aos parcos leitores. Amores ao meu amor.

21.12.04

Contabilidade

Os bilhetes, recados e notas
rigorosamente depositados
no guichê de sua intimidade,
são cheques nominais
que resgatam em tinta
meus débitos de sentimento.

Deles, das duplicatas resgatadas
e dos recibos acumulados
faz-se a contabilidade geral.
Historiografia documental das transações
na relação comercial
estabelecida entre corações.

Se alguma vez falho
(e falho demais),
fica somada mais uma parcela
no meu histórico de mau pagador.

Meus silêncios pesam
como as dívidas de um insolvente.
E correm os juros do cheque especial.

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Ora veja quem está de volta. Sentiram saudades?? Não que isso importe...

Andei tirando umas férias (leia-se bloqueio criativo). Certa vez disse q dependo de uma rotina fixa p escrever e atualmente não tenho conseguido encaixar muito bem esse saudável hábito entre as tarefas do dia a dia.Ou tlvz seja o contrário, tenho escrito até d+ e acebei saturando.

É q escrever se amesquinhou em cozinhar notícias sem fim sobre coisas q eu nem vi e sobre as quais, não raro, pouco me interessam...

P quem não sabe, sou jornalista e trabalho p uma ONG paulistana dedicada a promover a sustentabilidade por meio da promoção de MBAs de alto luxo p ecologistas (se não fosse complicar d+ p os objetivos desse texto seria necessário dizer q, na verdade, trabalhamos na perspectiva do socioambientalismo e tals). Até aí tudo bem, não tenho nada contra ecologistas. Eles costumam ser gente boa e de bem com a vida. Ao menos na maioria das vezes!

O lance, o gde lance é q não há muito o q fazer por aqui. Eles paradoxalmente tem e não tem uma necessidade imensa por produtos jornalísticos. Quer dizer, é preciso manter o portal atualizado e informar o q raios eles estão fazendo p o público externo. Mas isso passa bem longe do q se poderia chamar de gde jornalismo e eventualmente enche o saco!Além do mais, paga mal q dói...

Jesus, preciso de um emprego de verdade ou de uns frilas! (Detesto resoluções de fim de ano. mas se tem uma q preciso é justamente essa: mudar toda a minha vida profissional)

Depois do desabafo comento o texto acima:

Criei um jogo com minha namorada (uma moça tão linda e luminosa q, às vezes, sinto não merecer) q consiste em deixar bilhetes p q ela encontre. É um gesto de carinho meu q se tornou um hábito nosso -- não q seja uma obrigação.

O problema é q recentemente não têm dado p escrever os dito cujos (não por bloqueio, mas por falta de tempo). Por isso a idéia de dívida e a consequente imagem dos bilhetes como documentos de contabilidade... o resto dos temas e imagens vieram meio q a reboque dessa lógica.