Minha primeira reação foi considerar o assunto como estritamente pessoal. Coisa lá entre a mocinha desnuda, sua família, amigos e namorado. O resto dos mortais que cuidasse da própria vida e deixasse de ser enxerido...
Antes de qualquer consideração, o que realmente torna o caso singular é sua protagonista. Aos desavisados, Vanessa Hudgens é a açucarada estrela da monumentalmente bem sucedida franquia de telefilmes infanto-juvenis “High School Musical” – com dois filmes em dois
anos, mais um no prelo e rendendo todo o dinheiro que a ganância poderia conceber em licenciamento, trata-se de uma das propriedades mais graúdas que a todo-poderosa do entretenimento familiar Disney Company criou nos últimos anos.
Isso ajuda a explicar o baque. Mal comparando, topar com os peitos da mocinha saltitando pela web deve ter soado tão surpreendente aos olhos gringos quanto dar de cara com a Sandy na capa da Playboy soaria a um brasileiro!
Para piorar tudo, as desinibidas fotos teriam sido tiradas como um presente para o namoradinho da menina e co-estrela no filme -- o igualmente açucarado -- Zac Efron. Isso coloca o casal de
namoradinhos adolescentes mais querido da América incomodamente próximos de uma cama de casal, coisa que os puritanos do bible belt não costumam ver com muito bons olhos. É o tipo de sujeito que ainda coloca a culpa pelo tiroteio em Columbine nas conta do Marilyn Manson. Seguindo por essa senda, ao exibir seus dotes íntimos de ninfeta, a moreninha estaria pervertendo sua legião de fãs pré-adolescentes. Não é bem o tipo de carapuça que uma atriz com pinta de mocinha romântica quer em sua cabeça.
Não bastasse, pouco depois – na verdade em conseqüência ao – vazamento das fotos, apareceu um segundo conjunto de imagem em que a mesma Vanessa e uma amigas tão adolescentes quanto aparecem fazem umas quantas gracinhas de cunho lésbico (são gracinhas de verdade, nem perto das vias de fato).
Isso sem falar na inquietante possibilidade das fotos em questão terem sido feitas antes da lolita de ocasião ter completado 18. Isso faria um considerável contingente de babões barbados norte-americanos saltar a trincheira entre fetichismo e o crime de pedofilia.
Mas, apesar do todo esse imbróglio (ou melhor, na falta de). O que realmente me chamou a atenção nesse caso – que serve como base para este post – não está nem nas fotos em si, nem em sua possível repercussão cultural. Mas no fato dos advogados da menina não terem requentado a velha tese da invasão de privacidade ao se verem na incumbência de minimizar os estragos retirando as fotos de sua cliente do máximo de sites o possível. Como Vanessa a essa altura já sabe – e Daniela Cicarelli recentemente descobriu --, quando uma celebridade
alega invasão de privacidade para tentar encobrir um fato constrangedor sobre si mesma ela acaba caindo num limbo de interpretação jurídica: qual é, afinal, o limite exato entre as garantias aos direitos individuais e a liberdade de expressão? Vamos combinar e, na falta de uma resposta definitiva, a imprensa marrom vai se comportando como se valesse tudo.
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