11.5.05

De dar nojo

Não é de hoje q esse tipo de prepotência, me embrulha o estômago - a expressão "podre de rico" tem valor algo literal p mim.

Confesso q não gostei da reportagem sobre a nova super-loja Daslu - bem abaixo do padrão q o nominimo costuma manter. A reporter começa com destacando o depoimento de um operário pobre deslumbrado com a blz do clubinho de meninos ricos q está ajudando a construir -- leia-se, falando da boa e velha mais valia -- e depois parece, ela mesma, deslumbrar-se.

Não descarto q a menina (Célia Chaim) estivesse ironizando, ás vezes é preciso vender a alma p não perder fontes importantes ou fechar portas. Mas o resultado final acaba sendo um texto em "diagonal", mal meio mal resolvido. Tem momentos de crítica social e de jornalismo micro-econômico sérios e outros em q transpira amor às plumas, paetes e marcas chiques típico do jeito Caras de cobrir os Chique & Famosos...

Em diversos momentos, ela chega a resvalar numa retórica "glamourizante" na qual se esbalda a cobertura jornalística do colunismo social e dos estilos de vida super-ultra-exclusivos. Nada mais, nada menos q a "prima-rica" da estética da fome. Estranhou a comparação? Explique-se:

Essas duas retóricas - a do glamour e a da fome - são profundamente antropologizantes, fascinam nos transportando ao q parecem reinos exóticos, habitados por simpáticos povos infinitamente diferentes de nós mesmos na superfície, mas profundamente parecidos à segunda vista. Ficamos tão entretidos nessa a viagem de descobertas q nem percebemos ainda estamos na esquina de casa e q as diferenças retratadas são, não raro, fruto de realidades embebidas em profundas injustiças sociais. Qdo finalmente aterrizamos nos sentimos um pouco mais "unidos em nossas diferenças" q acabamos perdendo a capacidade de nos indignarmos.

P arrematar a reportagem, a moça admite q existem diferenças e até concede q elas são injustas. Contudo, no final, à guisa de conclusão, ela acaba absolvendo os ricos da riquesa - q, apesar dos pesares, não é crime - e varrendo a culpa da centenária má distribuição de renda em Terra de Vera Cruz p baixo do tapete governamental.

Ela até personaliza o vilão: a culpa é do Lula. O ex-operário feito presidente, torna-se o protótipo do arrivista social q poderia, mas, uma vez desatolado da lama, já não quer fazer nada pelo povo! Verdadeiro calhorda, né não?

Mas, calma lá. Na própria reportagem descobrimos q as "dasluzetes" - as mocinhas q trabalham na Daslu - , são "filhas de políticos e gente influente e endinheirada, os chamados plutocratas". Ou seja, descobrimos q não existe uma diferença assim tão decisiva entre os políticos q formam o governo q deveria estar resolvendo o problema e a elite p quem a Daslu abre generosamente suas portas.

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