19.3.07

Papas da língua

Vá lá que é assunto velho -- mas, até aí, esse blog semi-defunto também o é --, mas vale o registro de que dois dos pesos pesados da blogosfera profissional registrada em nossa inculta e bela flor do Lácio andam se olhando torto: Pedro Dória (No Mínimo) e Reinaldo Azevedo (ex-Primeira Leitura e atual Veja). Tudo por conta das cismas de Bento XVI a respeito das segundas núpcias alheias.

"Ratzinger falou 'praga'", diz o primeiro.

"Sua Santidade queria dizer 'chaga'", arenga o segundo.

Se alguém acha essa uma discussão bizantina, há aqueles -- eu no meio -- que concordam! Talvez seja possível resolver essa arenga diretamente do atual locatário do Trono de São Pedro durante o tour que ele fará por essas bandas logo mais (diz-se por aí que o moço já encomendou toda uma leva de óculos escuros Serengetis e sapatos Prada para a ocasião!).

O fato é que tudo somado, tudo dividido, O P. Dória acerta quando diz que não tem a menor importância se a praga é chaga é se praga é chaga. O que interessa é que, ao mobilizar suas hostes de papa-hóstias contra a mui consagrada instituição do divórcio, ele elevou o tom do reacionarismo que já corre à farta pelos encanamentos da Santa Sé. Acompanhada da tão comentada, porém mais simbólica do que prática, apologia à missa em latim acompanhada de cantochões gregoriano, tudo parece indicar que o sonho dourado de Bento é passar uma borracha sobre revolução dos costumes que vêm da segunda metade do século passado para cá. E, depois, os bárbaros são os outros.

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